Eu sou sim uma grande perda! E na verdade sempre pensei isso, mas nunca verbalizei. Hoje depois de quase três anos, o celular sinalizou uma mensagem, áudio. 30 segundos. “Oi, como vc ta? Só queria que você soubesse que eu ainda te amo” depois um segundo áudio chorando. Eu queria que você visse a minha cara ouvindo esses áudios. Primeira coisa que pensei: Porque homem é tão lerdo? Em seguida o pensamento foi: quando eu chorei, quando eu descobri que você tinha outra e todas as vezes que fiquei sozinha e me dei conta que criei uma realidade que não existia, fui eu e eu mesma. Porque na sua vez eu teria que te responder? E na boa? Achei patético. Eu sou sim uma grande perda e além de você outras pessoas que tiveram a oportunidade de ter além de um sexo ou que me despertou afeto e também foi embora, se não voltou, vai voltar para dizer que eu faço falta. “ahhh mas isso soa arrogante, prepotente” FODA-SE! Eu não sou boa em atuar, nunca fui. Então quando me entreguei foi de corpo mesmo, doei tudo que tinha, vivi tudo o que quis. Ofereci uma vaga do meu lado, deixei uma cadeira disponível, o sofá, o puf, a cama, o banco do carro, não ocupou quem não quis e na boa? Tenho zero vocação para convencer o outro que eu sou uma grande perda. O mais louco é que eu demorei 33 anos para entender isso. Eu demorei 33 anos para aceitar que eu sou uma mulher foda que faz o corre e levanta quem ta junto. Então sinta muito mesmo, minha consciência é tranquila com relação a isso, de mim, quem passou e despertou afeto, teve o meu melhor. Meu melhor sorriso, minha melhor gargalhada, meu melhor choro (mais sincero), minha vulnerabilidade (e só quem me conhece sabe o quanto eu reluto para me entregar), meus causos, minhas loucuras, minhas verdades, me teve, inteira, errônea. Hoje depois de tanto tempo os afetos que me afetaram me pediram para parar de voar e criar morada, entendi que o que de fato me faz parar é o amor mesmo, o ninho, o afago, mas eu tenho sede e pressa de vida quando as coisas não acontecem, não é o outro que me faz doer é reconhecer que eu sou um tanto de coisa boa, ofertei e não rolou porque o “não rolar” me convida para criar ninho em outra arvore e eu vou, sem destino mas sem retorno. Sem peso, sem magoa, sem ressentimento. Receber sua mensagem hoje, ouvir o seu choro hoje só me fez crer que eu sempre estive certa, ter ido embora foi a minha melhor escolha e me faz pensar que eu preciso mesmo insistir menos no outro e mais em mim, porque eu sou uma grande perda.