Todos nos temos algo na vida mal
resolvido ou mal digerido ou incomodando ou causando algum tipo de inquietação.
Tem uma frase do Teatro mágico que é INCRÍVEL. “Não acomodar com o que incomoda”.
Sabe, há um tempo atrás desenvolvi síndrome do pânico e
crises intermináveis de ansiedade. Se existe uma culpa nisso tudo ela é minha,
por vários motivos, mas o que eu quero reforçar nesse momento não é na culpa ou
na causa e sim no quanto a gente esquece que somos protagonistas da nossa
história. Na época fui afastada do trabalho, percebi que a minha relação com as
pessoas daquele lugar me fazia mal, a demanda dos atendimentos que realizava
era bastante pesada, mas nada que eu não aguentasse, precisei retornar e em
seguida fui demitida. Estou descrevendo tudo isso porque eu quero que você que
agora está me lendo, se perceba em alguma situação de dor ou sofrimento que
você possa ter passado e que resultou em alguma questão e ordem psicológica ou psiquiátrica.
Hoje, fazendo um releitura daquela época eu me dou conta que diante do caos,
quando o meu barco estava a deriva, eu me abandonei. Mergulhei querendo
abandonar o barco sem saber nadar. Desde o quadro mais grave de síndrome do pânico
com inclusive ideações suicidas eu não abandonei mais a terapia e
consequentemente me resgatei. Sério, não por ser psicóloga mas eu sigo
defendendo que terapia deveria ser acessível a TODES! Naquele momento com auxílio
da minha psicóloga eu voltei pro meu barco e assumi o comando. Com o barco
detonado, já tinha bebido toda agua do mundo, eu me mantive ali. O vento mudou
a direção, o mar deixou de ser revolto e eu já sabia qual direção precisava
assumir.
Recentemente me vi em uma
situação de sofrimento num ambiente de trabalho, local extremamente hostil, com
cenas de negligencia e tortura contra crianças, pra que vocês tenham uma ideia
no segundo dia eu já tinha visitado a coordenação DUAS vezes. Tive como
resposta um “Precisamos fazer vistas grossas”. Essa frase me fez pensar em
quantas vezes na vida nos submetemos á coisas por dinheiro, por medo de
rejeição, por não querer se indispor e por ai vai, mas naquela ocasião o meu
senso de justiça gritava muito mais alto e eu me senti na obrigação de fazer
algo, procurei os meios legais e segui com a denúncia. SEM SOFRIMENTO. Sem
beber mais água, sem destruir meu barquinho, só entendendo qual rumo meu
barquinho precisava seguir. Cheio de figuras de linguagem meu relato e
reflexão, mas cada dia mais eu me certifico da mulher incrível que eu escolhi
ser, das escolhas doloridas que tive que fazer e não perdi a minha essência. Entendi
na dor, no amargo, nas lágrimas, na falta de ar que diante de qualquer
situação, qualquer escolha que eu vier a fazer eu não posso desistir de mim. Eu
sou a pessoa mais importante DO MEU MUNDO, a partir de mim, na minha vida, na
minha história, me cuidando eu posso cuidar do outro, me respeitando eu posso
respeitar o outro e mais louco que isso, eu aprendi que o nome disso não é egoísmo
e sim direcionamento, valia e pertencimento. E eu espero que as pessoas que
hoje partilham suas vidas com a minha também sejam as pessoas mais importantes
dos VOSSOS MUNDOS. Porque eu vou me sentir amada e acolhida. Meu relato pessoal
nada mais é do que uma ideia de despertar em você essa relação de amor e
cuidado consigo. SÓ UMA BREVE PROVOCAÇÃO. Ou um convite a um mergulho interno. Como você tem visto
seus problemas? As dores que você sente são suas ou são enfiadas em você por
ser uma esponja? Os passos que você tem dado foram traçados por você ou alguém te
disse pra onde, como, quando, porque ir? Me conta aqui... Quando tudo desaba
quem é que fica pra limpar a bagunça e iniciar a reconstrução?? Ou quando seu
barco estiver em mar revolto, quem é que rema com você?
Abraço Você!
Maravilhosa!!
ResponderExcluirEu sou a esponja...
Caraca! Texto maravilhoso. Parabéns, Bia! 👏👏👏👏👏💋🌹
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